Cultura do Estupro: 3 coisas que você precisa entender a respeito

A cultura do estupro é perpetuada diariamente no Brasil e no mundo. Cada um de nós, em maior ou menor grau, provavelmente já contribuiu para a disseminação desse mal. Por isso, hoje veremos 5 fatos importantes para que estejamos mais conscientes acerca do problema.

Apesar de a grande maioria das vítimas de estupro não denunciar os abusos sofridos, a cada 1 hora uma mulher morre de forma violenta no Brasil, de acordo com dados do IPEA. Ainda assim, sempre que uma notícia sobre abuso sexual vêm à tona, percebe-se a desconfiança das pessoas sobre a veracidade do que a vítima está relatando.

Na década de 1970, feministas estadunidenses cunharam o termo cultura do estupro justamente para caracterizar o ambiente no qual essa prática se sustenta. Lamentavelmente, vivemos em uma sociedade que ainda permite a objetificação da mulher. Até mesmo a sabedoria popular e a mídia normalizam diferentes tipos de violência contra a mulher.

Por essa razão, torna-se cada vez mais importante conhecer a teoria acerca do assunto. Assim, quem sabe um dia, na prática, conseguiremos acabar com as terríveis estatísticas de abusos cometidos contra mulheres.

A seguir, confira 3 coisas importantes que você precisa saber sobre a cultura do estupro.

1. A cultura do estupro começa na infância

Alguns comportamentos negativos que vêm a se transformar em formas de abuso na vida adulta, começam na infância. Desde quando um bebê nasce, as pessoas próximas nutrem expectativas para como meninas e meninos devem agir.

No caso dos meninos, o script é que ele seja másculo, forte e até mesmo agressivo, visto que não se admite um homem que “leva desaforo para casa”. No caso das meninas, os pré requisitos são que ela seja delicada, subserviente e cumpra o papel de casar e ter filhos. Até mesmo os brinquedos das crianças refletem isso.

Não é à toa que os homens são ensinados a usar a agressividade como se isso fosse algo positivo. Além disso, são estimulados a viverem a sua sexualidade a ponto de serem classificados como pessoas que “necessitam de sexo” e podem cometer abusos em nome disso.

2. Nem todo homem é abusador, mas toda mulher é vitima

Ainda de acordo com dados do IPEA, pelo menos 56,3% dos abusadores e estupradores são os próprios pais, padrastos, familiares ou amigos da vítima. Ou seja, o mito de que o homem violento é uma pessoa com problemas psicológicos alheio ao dia a dia da mulher cai por terra.

Os índices de feminicídio também são muito maiores dentro de relacionamentos, sejam eles casamentos ou namoros. O pior de tudo é que é justamente quando há uma relação amorosa que fica mais nebulosa a questão do que é consensual ou não.

É muito comum que surja, inclusive, comentários do tipo “nem todo homem” quando falamos em abusos. Mas esse é um argumento clássico que deslegitima as iniciativas das mulheres para combater as violências sofridas. É lógico que nem todo homem é um agressor, mas isso não serve como argumento contra o fato de que toda mulher é vítima da cultura do estupro.

3. A vítima do estupro nunca é a culpada

Não importa a roupa, o comportamento ou a aparência. Nada sobre a vítima justifica o fato de ela ter sido abusada ou estuprada. Nem mesmo garotas de programas ou mulheres alcoolizadas podem ser culpabilizadas pela violência sofrida.

No entanto, na cultura do estupro, é comum que o público em geral e até mesmo o poder judiciário diminua a credibilidade da mulher que foi violentada. E isso está tão enraizado na nossa sociedade que ainda serão necessários muitos esforços para superar o problema.

Se é que um dia ele será completamente superado.

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